Ver com
os olhos da fé
O evangelista Marcos nos traz uma passagem em que certo homem
cego de nascença ao saber que Jesus passaria pela estrada em que ele costumava
ficar para pedir esmola, desejava muito ser curado, mas desta vez não fez seu
costumeiro pedido, mas ousou em pedir a cura para sua visão. Gritava alto para
ser ouvido, uma vez que a sua condição o deixava marginalizado, relegado à
beira da estrada.
Sua insistência fez com que tentassem calar-lhe, porém ele
gritava ainda mais alto a ponto de ser atendido. Ao saber que falaria com
Jesus, tirou o manto e pulando foi ao seu encontro, e ao ser perguntado o que
queria que o Senhor fizesse, disse: “Quero ver”. O Mestre simplesmente disse a
ele: “Vá, tua fé o curou”.
Assim como o cego Bartimeu, da narrativa de São Marcos,
também nós devemos ter coragem para enfrentar as barreiras que não nos deixam
conhecer a verdade; encarar a realidade e sem medo, buscar a libertação daquilo
que nos atrapalha. As nossas cegueiras podem ser curadas pelas nossas próprias
iniciativas, isto é, pela insistência em querer chegar até a solução, mesmo que
alguém ou alguma coisa tente nos atrapalhar.
O primeiro passo é querer, desejar e a consequência vem pela
fé; a atitude de jogar fora o manto do medo, da impossibilidade e talvez da
rejeição já é o começo de uma redenção das fraquezas que nos fazem marginalizados
na sociedade. Todos nós somos cegos quando nos acomodamos em nossa pequenez e
assim permanecemos, achando que os nossos problemas não têm solução ou que é
destino.
É preciso saltar sobre as negatividades e ir ao encontro da daquilo
que queremos de bom para nós. Desta forma, o melhor já aconteceu mesmo antes de
se tornar realidade, uma vez que a primeira manifestação é o gesto de
reconhecer o poder de Deus e crer na recuperação da nossa visão espiritual para
ver a verdade e seguir os caminhos corretos, agindo conforme a vontade do nosso
Criador. Por fim, com os olhos da fé, veremos somente o que é bom; ela nos faz
suscetíveis ao perdão divino, desde que assim queiramos.
(Texto: Clarício de Araújo Cardoso)
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