O Transcurso da Nossa Existência

Por Clarício de Araújo

 

No transcurso da nossa existência nós passamos por várias etapas; a infância é um tempo ímpar em que se vive dias maravilhosos ao lado dos nossos pais e parentes, e construímos as bases para o decorrer dos dias da nossa existência. Neste período surgem as primeiras amizades; são pessoas que marcam as nossas vidas de forma indelével e como tais estão sempre em nossa lembrança.

Quase sempre a memória faz reviver os bons tempos de infância e das brincadeiras dos dias pueris; as visitas à casa dos tios; o convívio ao lado do papai e da mamãe, época de valor incalculável; o amiguinho de escola, a menininha que sentava ao nosso lado na sala de aula; a professorinha amável que nos convidava para ir à sua casa, enfim, todos que de uma forma ou de outra fizeram daqueles dias, um tempo sem par. 

Vem a juventude e com ela surgem as primeiras investidas no campo do amor, embora essa experiência não passasse de uma boba paixão, mas que fazia a gente se sentir importante para ela ou ele e quase sempre acabava em nada.  Porém, uma canção nos remetia para dias inolvidáveis em que tudo era um doce sonho. Imaginávamos que a letra da música que elegíamos como “nossa música” teria sido feita para nós e então as coisas convergiam ao nosso favor e a canção dizia acertadamente: “a vida cor de rosa que eu sonhava”. A gente se inspirava com tantas canções de amor, que nos levava a presentear quem nos fazia feliz; era um rosa, um disco, um chocolate, uma homenagem no alto-falante da festa. Tudo isso era motivo para viver estes dias maviosos.

Por fim chegam os dias da nossa vida “madura” e tudo é levado de forma mais responsável, sem entretanto deixar de ser um tempo bonito, desde que o construamos de uma forma estruturada. Eles também têm suas belezas e nos deixam boas recordações da pessoa amada que se foi; saudades dos filhos que estão longe geograficamente; dos amigos antigos e recentes, mas que já não estão na nossa convivência diária. Enfim, sempre haverá um motivo para relembrar das nossas atividades ao longo dos anos e que nos deixaram mais sentimentais, a ponto de não esconder as lágrimas que rolam só em imaginar que vivemos tempos dourados onde o Pôr do Sol era apenas uma imagem visível dos nossos risonhos dias sem fim, pois tudo parecia eterno. Mas a realidade nos despertou para a finitude do nosso tempo terreno e agora se espera o eterno amanhecer na Pátria Celeste.

(22/1/2025)

 

 

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